Publicado há 2 anos

O que é o cultivo orgânico e qual a sua importância

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Cada vez mais pessoas procuram ingerir alimentos saudáveis e que não tenham substâncias que coloquem a saúde em risco. E, devido a essa mudança da mentalidade da população, muitos agricultores têm produzido de forma diferente e apostado no cultivo orgânico. Mas o que é o cultivo orgânico e qual a sua importância no mundo?

O cultivo orgânico é aquele em que não é utilizado nenhum tipo de agrotóxico ou insumo químico para o crescimento das plantações e que busca manter e/ou aumentar os teores de matéria orgânica no solo para só depois plantá-lo.

Esse tipo de produção, também chamada agroecológica, utiliza as mais novas tecnologias agrícolas à disposição no mercado para garantir a qualidade dos alimentos e impedir que sejam atacados por pestes, doenças e insetos sem que seja necessário usar nenhum tipo de agrotóxico.

Para combater as pragas, é realizado o controle biológico, método que consiste em utilizar um organismo vivo para atacar outro que seja prejudicial à lavoura.

Dessa forma, a agricultura orgânica mantém a biodiversidade e reduz significativamente os impactos ambientais que possam ser causados pela plantação de uma monocultura.

Também são práticas do cultivo orgânico, o cuidado e manejo da vegetação nativa e o uso racional da água para irrigação, evitando causar danos ao ecossistema e alterações climáticas.

Portanto, a produção orgânica vai além da não utilização de agrotóxicos. O cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável.

Diante disso, fique muito atento, pois nem todo alimento cultivado sem o uso de agrotóxicos é orgânico.

Como é feito o cultivo de alimentos orgânicos

No processo de plantio dos produtos orgânicos, os agricultores utilizam o rodízio de culturas e a diversificação de espécies entre e dentro dos canteiros.

Nas lavouras, são aplicados cordões de contorno com plantas diversas, que ajudam a proteger a plantação de pragas e doenças, servem como quebra-vento e também protegem o solo contra erosão.

Além disso, os produtores praticam o plantio direto, caracterizado pelo cultivo em cima do resíduo da cultura anterior, sem que o trator limpe o solo.

Outra técnica utilizada é a adubação verde, que consiste no plantio de certas espécies de plantas, geralmente leguminosas, simultaneamente ou em processo alternado com o plantio de culturas de interesse econômico.

Quando cortados, os adubos verdes são misturados ao solo e deixam esses nutrientes disponíveis para o produto orgânico que será cultivado. Também protegem o solo da erosão e podem ser repelentes naturais de pragas e doenças.

Dessa maneira, o solo é enriquecido com adubo orgânico, que promove o desenvolvimento da vida na terra, como minhocas, bactérias e fungos benéficos, que contribuem para o equilíbrio do sistema e a geração de alimentos saudáveis.

Normalmente relacionada a produções em pequena escala, a agricultura orgânica começou a ser difundida no meio acadêmico e científico na década de 1970.

A partir daí, novas tecnologias foram desenvolvidas e estudos realizados para possibilitar produções em grande escala e evitar pragas e doenças sem a utilização de agrotóxicos.

Esse processo evolutivo pode ser observado em culturas como a do café, cana-de-açúcar e morango.

O que é permitido no cultivo orgânico

No cultivo orgânico, são utilizados fertilizantes (ou adubos) orgânicos obtidos de matérias-primas de origem animal ou vegetal, sejam elas provenientes do meio rural, de áreas urbanas ou da agroindústria.

Esses fertilizantes podem ou não ser enriquecidos com nutrientes de origem mineral (não orgânica) e são divididos em quatro tipos principais: fertilizantes orgânicos simples, fertilizantes orgânicos mistos, fertilizantes orgânicos compostos e fertilizantes organominerais.

  • Fertilizantes orgânicos simples: fertilizante de origem animal ou vegetal. Exemplos: estercos animais, torta de mamona, borra de café.
  • Fertilizantes orgânicos mistos: produto da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos simples. Exemplo: cinzas + torta de mamona.
  • Fertilizantes orgânicos compostos: fertilizante não natural, ou seja, obtido por um processo químico, físico, físico-químico ou bioquímico, sempre a partir de matéria-prima orgânica, tanto vegetal como animal. Pode ser enriquecido com nutrientes de origem mineral. Exemplos: composto orgânico, vermicomposto (húmus de minhoca).
  • Fertilizantes organominerais: não passam por nenhum processo específico, são simplesmente o produto da mistura de fertilizantes orgânicos (simples ou compostos) com fertilizantes minerais. No caso da agricultura orgânica, esses fertilizantes minerais a serem misturados devem ser naturais (não processados quimicamente) e de baixa solubilidade. Alguns exemplos são os fosfatos naturais, os calcários e os pós de rocha.

Como preparar o solo na agricultura orgânica

A prática da agricultura orgânica recomenda o manejo mínimo da terra, garantindo a fertilidade e estrutura do solo. Dessa forma, evita erosões e degradação, favorecendo a biodiversidade e contribuindo para a redução do aquecimento global.

O solo é preparado para propiciar as condições adequadas para o desenvolvimento das plantas. Nesse processo, o agricultor busca conservar as condições físicas, químicas e biológicas da terra, além de acrescentar elementos que melhorem suas características e produtividade.

Para isso, é adotado o sistema de mecanização conservacionista, cujo objetivo é evitar a mobilização excessiva e a compactação do solo, e melhorar a relação solo-ar-planta.

Além disso, o agricultor procura deixar o máximo de cobertura morta para proteger o solo do impacto das gotas de chuvas, aumentar o período de umidade, favorecer os microrganismos e evitar variações de temperaturas.

Então, a cobertura morta orgânica é formada por materiais como folhas de árvores, lascas de madeira, serragem, casca de arroz e capim seco, entre outros.

Esse tipo de cobertura oferece nutrientes tanto para a planta quanto para o solo. São materiais que se decompõem com mais facilidade e, por essa razão, sua reaplicação deve ser feita com frequência.

Por isso, antes de preparar o solo, é muito importante o produtor levar em conta as condições locais. Sendo assim, é essencial considerar fatores como: época do ano, declividade, textura e teor de umidade, culturas precedentes, condições de drenagem e presença de compactação.

O manejo do solo não deve ser iniciado com umidade excessiva ou com terreno seco, para evitar a formação de torrões, que são originados da compactação da terra.

A estrutura extremamente compactada dos torrões não permite o desenvolvimento de raízes, além de dificultar a infiltração de água e contribuir para processos erosivos.

Os impactos positivos na sociedade

Um dos principais benefícios da agricultura orgânica é o impacto na natureza. Como o cultivo das plantações é baseado em adubação verde, compostagem, rotação de culturas e controle natural de pragas, a produção é menos agressiva, evitando a contaminação da água e solo, e assim ajudando a preservar o meio ambiente.

A forma de cultivo dos alimentos orgânicos também proporciona maior concentração de nutrientes e compostos de cor e sabor, resultando em produtos mais saborosos e nutritivos que os convencionais.

Também, outra vantagem desses alimentos é que a maioria das pessoas pode cultivá-los em seu próprio quintal, já que não demanda nenhuma técnica ou investimento específico. Isso acaba tornando o seu cultivo acessível, independentemente da condição social de quem cultiva.

Mais um benefício é que, ao adquirir esses produtos, é criada uma maior proximidade com o agricultor, observando os cuidados tomados com os alimentos.

Esse tipo de agricultura ainda contribui para movimentar a economia local, visto que grande parte da produção de orgânicos é feita por pequenos agricultores.

A aplicação dos princípios agroecológicos na pequena propriedade rural consegue aumentar sua sustentabilidade econômica-financeira, ampliando os benefícios para o agricultor, sua independência no uso de energias não renováveis e a preservação de sua identidade cultural e da sua condição de saúde, uma vez que não faz uso de elementos prejudiciais ao homem.

Assim, fica claro que os benefícios do consumo de produtos orgânicos não se refletem apenas em nossa saúde. Na verdade, quando optamos por esses produtos, ajudamos a fortalecer a sustentabilidade de uma cadeia de suprimentos ecológica e comercialmente justa.

Como identificar um produto orgânico

Antes de comprar, é preciso saber reconhecer se um produto foi produzido segundo as melhores práticas agroecológicas.

Conforme a legislação brasileira, o consumidor pode reconhecer o produto orgânico por meio do selo brasileiro ou pela declaração de cadastro do produtor orgânico familiar.

Todo produto orgânico vendido em lojas e mercados tem que apresentar o selo em seu rótulo. Já o agricultor familiar precisa vender seus produtos diretamente, para que o consumidor possa estabelecer uma relação de confiança com ele ao comprar suas mercadorias na feira.

Os produtos orgânicos são essencialmente classificados segundo a quantidade de insumos orgânicos que possuem.

Assim, da mesma forma que é importante ler os rótulos dos produtos que compramos, também é essencial entender as classificações dos orgânicos. Veja como eles são classificados atualmente:

  • Produto 100% orgânico: produto “in natura”, cultivado seguindo todas as regras da produção orgânica;
  • Produto orgânico: o produto contém, pelo menos, 95% de ingredientes organicamente produzidos, excluindo água e sal;
  • Produto feito com ingredientes orgânicos: o produto contém, pelo menos, de 70% a 95% de ingredientes orgânicos;
  • Produto natural: o produto contém menos de 70% de ingredientes orgânicos, mas segue as mesmas regras usadas para os produtos orgânicos processados.

Vale ressaltar que algumas certificações vão além da quantidade de insumos orgânicos que um item apresenta, garantindo também sua origem baseada nos princípios da economia solidária e do comércio justo.

Os alimentos orgânicos têm tudo para deixar a sua rotina muito mais saudável e responsável.

Não só porque o sabor e aroma desses produtos são fantásticos, mas também porque incentivar o seu comércio preserva os recursos naturais, a fauna e a flora locais, além de melhorar a sua qualidade de vida.